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Título Manoel de Barros por amigosGrandeMano

      Mais do que um poeta, um sábio, Manoel apresentou ao mundo outro jeito de pensar. Um olhar mais próximo das coisas essenciais, essas que só entendemos por via da infância. Manoel poetizou a natureza arrancando-a de si, usou a linguagem para executar tal separação. Eis algumas frases que seus amigos escreveram com carinho ao grande poeta:

      Mia Couto, escritor moçambicano:

"Mais do que um poeta, foi um mestre na aprendizagem de um outro olhar, um olhar mais próximo das coisas essenciais, essas que só entendemos por via da infância. Por meio da poesia ele re-arrumou o mundo e ensinou-nos o valor das coisas que não parecem ter préstimo. Esse préstimo pode ser o simples facto de se ser pequeno, desvalido e instigador de beleza. A sua palavra foi uma espécie de microscópio para vermos o que nos ensinaram a desconsiderar. Por tudo isso, a sua vida e o seu nome não podem ser ditos no pretérito." 

 

 

Ignácio de Loyola Brandão, escritor:

(Ignácio de Loyola Brandão)

"Quantos sabem o que é o Idioleto Manoelês Archaico?É o dialeto que os idiotas usam para falar com as paredes e as moscas.Você conhece  palavra desutilidade? E criançamento?O que Manoel quer dizer quando fala: 'Prefiro as máquinas que servem para não funcionar'?Ou: 'Perder o nada é um empobrecimento'?Encantos, foi o que Manoel de Barros fez a vida inteira.Na sua simplicidade, singeleza, despojamento há mais temas do que tratados de filosofia.Quantos volumes podemos escrever sobre esta afirmação: Tudo que não invento é falso.E esta, então: As palavras me escondem sem cuidado.Ah, Manoel, sem você vai ficar tudo tão rasteiro. Quem escreverá sobre ignoranças ou sobre o Nada com o teu jeito?"

Ramon Nunes Mello, poeta:

(Ramon Nunes Mello)

"A poesia de Manoel de Barros me ensinou que "há várias maneiras de dizer nada”. Aprendi com seus livros encantatórios, como Arranjos para Assobio e Livro Sobre Nada, a verdadeira “virtude de ser inútil”. A poesia de Manoel de Barros é tão forte que dialoga com outras linguagens como a dança, a música, o teatro e as artes visuais. Basta assistir ao espetáculo Tudo que não invento é falso, de Paula Maracajá, ou ainda a "desbiografia oficial” pintada pelo cineasta Pedro Cezar,  Só Dez Por Cento é Mentira, para entender que a poesia de Manoel de Barros é a infância da língua portuguesa."

Opiniões dos amigos mais chegados a Manoel de Barros. Poeta incrível que mudou o mundo, as palavras e o modo de ver e utilizar as coisas.

 

Armando Freitas Filho, poeta:

(Armando Freitas Filho)

"Acompanhei a obra dele a partir dos anos 1960 até 1980.  De Face imóvel (1942) ao Compêndio para uso dos pássaros de 1960 a mudança foi grande. Basta ver os títulos dos livros citados. A meu ver sua poesia sofreu essa metamorfose quando assimilou uma escrita "roseana", como se ele escrevesse a partir dos rascunhos de Guimarães Rosa. O resultado foi bom e até surpreendente em Gramática expositiva do chão (1966) e Arranjos para assobio (1980). Com o andar do tempo o que foi surpresa  ficou maquinal, maneirismo de frases, mais ou menos felizes."Ondjaki, escritor angolano"Não há palavras de dizer esse nosso dikota (mais-velho) Manoel. Uma vez chamaram-lhe Manoel do Barro. Manoel-em-Barros. Hoje eu queria sonhar um post-scriptum para ele: era quase assim: 'talvez ao poeta faça bem / desabrochar-se / tanto quanto ele / se nos acendeu nos vagalumes'."

Socorro Acioli, escritora: (Socorro Acioli)

"O Manoel de Barros faz parte da minha santíssima trindade dos poetas brasileiros, junto com Adélia Prado e João Cabral. Eu acho que poeta é ou não é. E ele era. Uma poesia sem pose, extensão da vida que ele vivia."

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